"Copas"
Gosto de comer em casa, de dançar em casa, de ler poemas diante do espelho. Gosto de ser poesia de peito à fora, de plantar flores nas cabeças das pessoas, de andar na corda bamba, de dançar na corda branca. Um trapézio e eu pulo, deito, rolo.
Aprendi primeiro o riso, depois a cambalhota. Eu gosto de cambalhota embaixo d’água e é só pra cambalhota que eu vou - nado sincronizado. Gosto de dançar dentro d’água, de balançar, bagunçar, desencantar e encantar e brincar. Gosto de brincar, e brinco.
Sou exatamente o palhaço que queria ser quando crescesse. E agora cresci, sou bailarina, equilibrista, o circo inteiro. Palhaça-fêmea inventora de máscaras e de sonhos, criadora de risos compartilhados. É pelo riso que vim, amor. É pela dança que amo, pelo céu que mergulho, pelo chão que deito, rolo, danço vertical e horizontal.
Divido meus amores, divido meu amor. Derreto-me e cambalhoto. Estou para cambalhotas, coração. Estou para cambalhota água à dentro. Sacuda-me que atravesso, e mergulho.
Sobre a autora
Aline Dias nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, em 1988. Publicou “Vermelho” (2012), “Além das Pernas,” (2015) e organizou a coletânea “Sem a Loucura não Dá” (2017), com contos inspirados em músicas de Sergio Sampaio. Seu livro mais recente é "A única coisa que fere é manhã pós-amor" (2017)
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